terça-feira, dezembro 06, 2005
domingo, dezembro 04, 2005
AÑOS DE SOLEDAD (sobre um som de Piazzolla e Mulligan)
estar só, mas ter amigos,
ainda que distantes,
é estar debaixo de uma tempestade
no meio da mata fechada e enxergar,
à luz de um relâmpago,
placas com nomes de ruas.
é estar voltando pra suposta casa
no fim da madrugada de uma cidade estranha
e enxergar bromélias, avencas e samambaias
cobrindo os prédios.
é sorrir sozinho
ao tomar um cálice de vinho,
por saber que chorar sozinho,
jamais,
quando se tem amigos,
ainda que distantes.
011205
ainda que distantes,
é estar debaixo de uma tempestade
no meio da mata fechada e enxergar,
à luz de um relâmpago,
placas com nomes de ruas.
é estar voltando pra suposta casa
no fim da madrugada de uma cidade estranha
e enxergar bromélias, avencas e samambaias
cobrindo os prédios.
é sorrir sozinho
ao tomar um cálice de vinho,
por saber que chorar sozinho,
jamais,
quando se tem amigos,
ainda que distantes.
011205
QUÂNTICO AMOR
jamais imaginei
que um dia a física me explicaria
o que sempre senti e nao sabia.
que apesar de nunca ter estado,
estou com você em algum lugar do universo,
e que este próximo verso,
que aqui dirá longe,
em algum lugar dirá perto.
que um dia a física me explicaria
o que sempre senti e nao sabia.
que apesar de nunca ter estado,
estou com você em algum lugar do universo,
e que este próximo verso,
que aqui dirá longe,
em algum lugar dirá perto.
PROPORÇÃO & PERSPECTIVA
quando crianças,
desenhamos coisas
com valores iguais:
pessoas do tamanho de casas,
carros do tamanho de animais.
quando crescemos,
aprendemos a desenhar
coisas em desproporção:
carros em que não cabemos,
casas em que cabemos demais
e pessoas
de tamanhos desiguais.
desenhamos coisas
com valores iguais:
pessoas do tamanho de casas,
carros do tamanho de animais.
quando crescemos,
aprendemos a desenhar
coisas em desproporção:
carros em que não cabemos,
casas em que cabemos demais
e pessoas
de tamanhos desiguais.
(IN)VENTÁRIO
minhas flautas,
deixo ao primeiro vento
que passar...
minhas faltas,
deixo ao perdão
de quem passou
e eu não soube tocar.
deixo ao primeiro vento
que passar...
minhas faltas,
deixo ao perdão
de quem passou
e eu não soube tocar.
VERTIGO
minhas palavras
estão sempre pairando
em um instante sem volta.
como a mão que do penhasco
se solta,
e a imagem congelada
de um corpo que cai,
entre a escarpa e o mar.
estão sempre pairando
em um instante sem volta.
como a mão que do penhasco
se solta,
e a imagem congelada
de um corpo que cai,
entre a escarpa e o mar.
GUIA PRÁTICO PARA DEIXAR DE SER POETA
chame a água de agá-dois-ó
ache que você se banha sempre
sempre no mesmo mesmo rio
não pense que cause mágoa
por estar sempre sempre só
e banhe-se sempre sempre
no mesmo mesmo rio
banhe-se
magoe
afunde-se
afogue-se
em h2o
converta-se em pó
esqueça a água
desidrate-se
(para Paulo Mendes Campos)
ache que você se banha sempre
sempre no mesmo mesmo rio
não pense que cause mágoa
por estar sempre sempre só
e banhe-se sempre sempre
no mesmo mesmo rio
banhe-se
magoe
afunde-se
afogue-se
em h2o
converta-se em pó
esqueça a água
desidrate-se
(para Paulo Mendes Campos)
ANTES QUE EU ME ESQUEÇA
não esqueça
a porta aberta, a luz acesa
não esqueça
o leite no fogo, a vela sobre a mesa
não esqueça
amarre um barbante, anote na agenda
não esqueça
nada é importante
até que vire uma lenda
não esqueça
anote na agenda, amarre um barbante
não esqueça
que essa história de memória de elefante
só vale na hora de se esquecer
por isso
não se esqueça
a porta aberta, a luz acesa
não esqueça
o leite no fogo, a vela sobre a mesa
não esqueça
amarre um barbante, anote na agenda
não esqueça
nada é importante
até que vire uma lenda
não esqueça
anote na agenda, amarre um barbante
não esqueça
que essa história de memória de elefante
só vale na hora de se esquecer
por isso
não se esqueça